O paulistano que circula pelo Largo de Santa Cecília nas tardes do último sábado de cada mês com toda certeza percebe algo diferente no ar, a sensação daqueles que param, nem que por alguns instantes diante do samba organizado na lateral da igreja é de total indiferença aos sons e ruídos da metrópole; os carros, buzinas, o movimento da estação do metrô são silenciados e a audição passa a ficar concentrada nos sons que emanam da roda. Quando tal sensação relatada é lida por alguém não muito afeito ao mundo do samba, ou mesmo as mandingas e mumunhas das ruas (relembrando o mestre Plínio Marcos) pode pensar que é um relato exagerado, até mesmo fantasioso. Exagerado, com certeza não, fantasioso podemos até discutir, pois para aqueles que enxergam as ruas, becos, esquinas como lugares cheios de vida, de alma, de seres encantados, a fronteira entre o real e o mágico é tênue.